sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Definição de Espírito e Alma

Na antiguidade grega avaliaram-se as relações da interioridade humana. Foram os filósofos, os principais responsáveis pelas construções dos estudos do pensamento, da busca da verdade com novo enfoque, com uma visão mais concreta dos modelos de sociedade. Passou-se a uma sistematização daquilo que se criava através de novos valores, tendo como destaque, a alma e o espírito humano. Aristóteles (384 – 322 a.C) apud Durant (1942, p. 92), afirmava que,

“A alma é todo o princípio vital de qualquer organismo, a soma de seus poderes e processos”. “No homem é o poder da razão e o pensamento”. A alma é imortal é “puro pensamento” e que (93), a “criação artística surge do impulso formativo e do anseio de expressão das emoções. A forma da arte é em essência uma imitação da realidade; um espelho em face da natureza ““.

Dividiram-se o homem em espírito, alma e corpo, onde o espírito tinha o poder da transcendência, ou seja, ampliar sempre novos conhecimentos, querer mais, a satisfação só seria aceita se inovações surgissem.
A alma ficou nos campos das emoções, do intelecto, das afirmações relacionadas às culturas, da criatividade humana. A alma humana é capaz de criar, de elaborar, de transformar o abstrato através da manifestação das inspirações, contrapondo-se, ou mantendo-se o irreal, o fortalecimento do abstrato, colocando na arte todas as aspirações, humanizando as formas, fazendo das artes, poesias, histórias, elementos de transição do imaginário, para poder tocar, poder sentir e poder ver. A humanização, como forma concreta daquilo que o ser humano imaginava, vagava, criava nos seus inconscientes, transformando em algo palpável, aonde pairavam todas formas anteriores de veneração, em algo agora venerado com a alma, que podia sentir através do contato e dar vazão ao espírito.
Lucrecio (98 – 55 a.C) apud Durant (1942), “A alma e o espírito desenvolvem-se com o corpo, crescem juntamente com ele, doem-se com suas dores e morrem com sua morte. Nada existe à exceção dos átomos, do espaço e das leis naturais; e a lei das leis é a da evolução e dissolução de todas as coisas”.
O que podemos observar é que, almas, espírito, estão dentro das formas da construção, daquilo que vem do interior do ser, daquilo que o homem pode materializar, mostrar, sentir e enxergar.
Aquele homem que foi gerado e concebido por homens, agora é capaz de perceber os seus valores sentimentais, ocultos, sensíveis, simplesmente transformados em obras de artes. Mostram com clareza as formas, a natureza e o poder de concepção que o homem pode ter, transformando as matérias inanimadas em expressão de arte, que são sentidas ao simples contato.
Homens que possuem em seu interior a criatividade, que é comum ao ser racional, ao ser que consegue através dos milhares de anos de evolução, terem manifestado suas vontades. É tolhido em suas criações, quando aquilo que pensam é colocado como vindos de forças superiores, de outros espíritos e de outras almas. Para Demócrito (460 – 360 ac) apud Durant (1942, p. 92), “A alma não é material” – nem toda ela morrerá.
Diríamos que é uma transferência dos conhecimentos humanos, que a partir do momento em que adquirem forma, personalização, não conseguem mais sair do imaginário humano, de acordo com a sociedade na qual está inserida.
Será que o homem é incapaz de aceitar a sua própria criatividade, tendo que colocar como coisas divinas, aquilo que lhe é nato? São coisas que a sua própria condição mental proporciona, em elevar-se a níveis de criação, que quando materializadas, expressam o próprio homem, mas que as estruturas tentam mostrar que o homem seria incapaz, a não ser quando tem uma manifestação externa.
Por que o homem, em sua sã consciência, não pode construir, pensar e racionalizar aquilo que sonha, como se os sonhos fossem de competências espirituais e não de devaneios da própria mente em descanso ou do corpo envolvido pelos seus diversos espasmos musculares?
Porque o homem tem que buscar nos mitos, as forças para tentar compreender aquilo que é natural que é reflexo do seu próprio pensar e que logicamente sofreu reflexos das sociedades?
O que podemos perceber é que, alma e espírito, são forças de criação e fonte de desejos, são momentos de liberdade e de desligamentos, de devaneios, é a materialização de suas utopias e de suas loucuras. Não são as loucuras que a sociedade tenta impor como formas da existência de espíritos como seres alados ou almas de pessoas que já se foram, de coisas que colocam espíritos e almas fora da compreensão humana, de incompreensões que são criadas para justificar o que é justificável. Justificar aquilo que é da essência do homem, sendo colocado como algo intocável e muito bem materializado pelas religiões. Essas conseguem transformar aquilo que é abstrato em concreto, fazendo com que a mente humana se resigne a subjetivar, a alienar-se, sem compromissos com o que há de verdade, limitando-se a aceitar o que se manifesta como verdadeiro.
O espírito, que na sua essência é o poder de querer, poder de elaborar, poder de pensar, é colocado pelas ideologias culturais como aquilo que representa o transcender no abstracionismo, estar vinculado com a morte. Não admite o homem como fonte de suas próprias espiritualidades, palavras nascidas nas filosofias como algo criador, gerado pelo próprio homem. E também não, por aquilo que sobrou dos homens, como restos de sua existência, de suas vidas, dando a ele como compensação, a reencarnação, a ressurreição e vidas paliativas além da vida. Coloca-se a morte como o começo de outras vidas, de vidas eternas, como se os pensamentos pudessem se materializar em outros corpos inanimados e não como a materialização de suas idéias plantadas, semeadas através de criações, do preservar a sua vida nas suas construções, nas suas obras e nas suas artes. A única forma de se ressurgir, de se preservar, é manifestando criações, os seus pensamentos nas esculturas, pintura, arquiteturas, poesias, nos seus livros e assim mantendo-se materializado para que outros possam ver a beleza que foi a sua existência. Caso contrário este homem morrerá, não restando nada além daquilo que será percebido por uma visão mais longe das construções humanas, sem se limitar a um único homem.
O espírito e alma são humanos e não como as sociedades passaram a construir, santificando aquilo que é racional, endeusando aquilo que é fruto das construções do pensamento. Usam o espírito como algo irreal, dando formas a eles, na construção de anjos e demônios, do sobrenatural, iludindo, dominando aqueles em que, na ignorância dos conhecimentos, acabam por serem levados a loucuras, tentando ver o impossível, construindo em suas mentes o que a lógica não permite. Tornam-se doentios em suas fugas, na busca do irreal, na busca intensa de vidas além daquelas que a natureza lhes deu, indo a caminhos opostos à inteligência que a evolução permite, buscando no irracional, as respostas tão necessárias para quem é humano que são respostas para a morte.
A morte que é tida como a chance de se elevar junto a Deus pai, todo poderoso. Deus criado como espírito dos espíritos, capaz de alimentar a todos, de resolver todas as mazelas humanas. De poder alimentar com verdades aqueles que vivem de mentiras. De poder dar vida além da morte, de gerar vidas, de ajudar aqueles que são subjugados pela sua força. De dar garantias eternas, para os homens que buscam a vida eterna, como se isto fosse possível. São incapazes de ver o mundo por outras óticas, de poderem buscar a igualdade humana e não as desigualdades daqueles que vivem mais distantes de Deus ou daqueles que são superiores, à medida que estão mais próximos dele, os chamados eleitos, os escolhidos. Que não questionam as suas realidades já que Deus está acima de tudo e para eles o que existe é a fé. O espiritualismo fruto da natureza humana não se discute, a subjugação da fé deixa de ser questionada.
Aquilo que cegam, que deturpam, que escravizam as mentes, que corroem a alma, que degeneram o espírito, tornando a alma inatingível, quando estes são inerentes ao homem, ao poder de criação. Da busca incessante de respostas e das necessidades humanas em alcançar estas respostas.
As intolerâncias para os que pensam diferentes, o inferno como solução para aqueles que tentam desmistificar o poder das grandes organizações que submetem a sociedade. Os fundamentalistas que entendem ser as suas experiências as mais certas, eliminando e colocando sob as estruturas da passividade os materialistas.
“Homem que tem o poder de tudo, mas é fraco diante do que pode ser verdadeiro, se subjuga na sua ignorância (NA)”.

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