domingo, 14 de outubro de 2012

Como se fazer a conversão religiosa, política e aspectos religiosos.


O paraíso se busca infindavelmente. São situações utópicas registradas ao longo da história. È o homem buscando melhores possibilidades de vida mas conseqüentemente alcançadas só após a morte. È o fato de querer se manter “vivo” além da morte. Idealiza uma série de benefícios que terá, mas de “coisas” que obviamente teve dificuldade de ter em quanto estava vivo. Todas as dificuldades passadas durante a vida serão materializadas como fruto de seu sofrimento após a morte. Entre as diversas religiões existentes se discutem estas possibilidades, com seus sacerdotes enfatizando tais possibilidades e levando aos crentes a totais desvarios.
Deixam de viverem aproveitando as delícias da vida, para se preocuparem sistematicamente com a morte. Mas recebem todos os tipos de informações sobre os paraísos como, por exemplo, citado por GROF (1996, p. 14);

a paisagem dos céus e paraísos se encontra caracteristicamente inundada de luz branca ou dourada muito brilhante e está repleta de nuvens ou arco-íris luminescentes. A natureza se representa com seus melhores dons: terra fértil, campos de grão maduro, belos oásis e vergéis, jardins exóticos ou pradarias floridas. As árvores estão carregadas de flores esplêndidas e de frutos suculentos. As estradas estão pavimentadas de ouro, diamantes, rubis e esmeraldas e de outras pedras preciosas. Fluem fontes da juventude, mananciais de água da vida, lagos transparentes e rios de leite e mel e óleos aromáticos regam os campos elíseos. A arquitetura celestial é translúcida e abundam os palácios cujos adornos de ouro e pedras preciosas brilham com luz tênue. Os salões estão iluminados com candelabros de cristal resplandecente e decorados com fontes e chafarizes. A atmosfera está impregnada de perfumes suaves e do agradável aroma de incenso.

A capacidade de imaginação dos humanos está embasada sobre parâmetros humanos. Aquilo que não é farto está enquadrado como situações possíveis no paraíso. Não conseguem desprender-se de suas realidades. E quando não conseguem seguidores, mais pessoas atreladas a sua forma de pensar, reagem como por impulso a desejarem que caso não acreditem naquilo que acreditam serão jogadas no inferno.
Observa-se que, o filho oriundo de pais que se autodefinem como convertidos, terá dificuldades maiores para se libertar, já que desde o nascimento é formado para obedecer e seguir a risca, os mandamentos dos livros sagrados, sob a hipótese de estar fora dos padrões delimitados por Deus ou pelos governantes.
Em 1902, William James, em “The Varieties of Religious Experience” escreveu o seguinte a respeito dos estados de profunda depressão espiritual:

mas a libertação precisa chegar sob forma tão forte quanto a queixa, para que tenha efeito; e essa parece ser a razão pela qual as religiões mais grosseiras, revivalísticas , orgiásticas, com sangue e milagres, e operações sobrenaturais, talvez jamais possam ser eliminadas. Alguns temperamentos precisam muito delas.

De acordo com William Sargant, os especialistas em lavagem cerebral usam uma técnica de conversão que não depende apenas da intensificação da sugestionabilidade de grupo, mas também de estimular no indivíduo a ansiedade, um sentimento de culpa real ou imaginária e um conflito de lealdades, suficientemente fortes e prolongados para provocar o desejado colapso.
Alberto de Pirajno descreve em “A Cure for Serpents”,

o método exigia que a pessoa deprimida dançasse até o ponto de frenesi durante horas intermináveis ao som de tambores e de canto rítmico, e com uma crescente excitação de grupo até “uma torrente de espuma e suor escorrer pelos cantos de sua boca”. Com um “grito agudo”.

Jogando-se ao chão, envolvendo os demais, como se algo tivesse entrado ou saído de seu corpo. Se o cérebro é suficientemente excitado, para o Dr. Denis Hill, ocorre uma comunicação do mesmo modo que o toque de tambor vodu ou dança orgiástica em escala suficiente para levar à excitação histérica e colapso por exaustão.
Sabemos também, que certas drogas podem produzir estados místicos. Já são usadas há muito tempo em certas cerimônias tribais, para dar aos participantes a completa certeza de que, um deus os está de fato possuindo.
Ainda durante os períodos em que o ocorreram a Peste Negra, a Igreja Católica considerava a peste como castigo pela iniqüidade geral da Cristandade. Conforme relato de William Sargant, esta recorria à ameaça de seu retorno como meio de levar o povo a um estado de submissão e verdadeiro arrependimento. Com seu assentimento, a Fraternidade dos Flagelantes, também chamados de Irmãos da Cruz, começou a promover reuniões especiais nas quais podiam ser publicamente confessados os pecados e dirigidas súplicas a Deus para prevenção da peste. Os bandos de flagelantes tornaram-se bem organizados e, embora começando como um movimento operário e camponês passou a ser controlados pelas classes mais ricas. Seus métodos para provocar excitação de grupo eram muito eficazes: tocavam sinos, cantavam salmos e flagelavam-se até o sangue correr em torrente. Nos processos de conversão utilizados pelos grandes sacerdotes, é importantíssimo usar da sugestionabilidade de grupo, vislumbrando ao convertido a certeza da salvação eterna, provando, através de gritos e gestos, a existência de poderes diabólicos que poderão afetar o seu caminho normal em direção a Deus. A citação de casos de jovens perdidos, pervertidos, drogados, de casamentos mal sucedidos pela traição, devem ser colocados e exemplificados para facilitar a ligação com Deus. Sendo que, todos aqueles que se desviarem dos preceitos divinos, estarão automaticamente se colocando na posição de tementes a Deus. E a recuperação deve ser feita através de atitudes, que divulguem como está conseguindo libertar-se das necessidades impostas pelo demônio. O grande despertar está em se entregar completamente a Deus.
Para Willian Sargant que descreve os trabalhos psiquiátricos desenvolvidos por Pavlov sobre fenômenos hipnóticos.
Antecipando-se assim à comparação de Pavlov sobre fenômenos hipnóticos em seres humanos e animais, Hecker afirma que suas descobertas “colocam a auto-independência da maior parte da humanidade sob luz muito dúbia e explicam sua união em um todo social”.

Aliada ainda mais de perto à simpatia mórbida (...) está a difusão de excitações violentas, especialmente aquelas de caráter religioso ou político, que têm agitado tão fortemente nações dos tempos antigos e modernos e que podem, depois de uma submissão incipiente, transformar-se em perda total da força de vontade e verdadeira doença da mente.
O medo, as relações familiares, a discórdia. As situações depressivas levam de acordo com William Sargant,

Os padrões básicos de comportamento no homem realmente dependem mais de nossos sistemas nervosos superiores hereditários do que nos mostramos às vezes dispostos a admitir. A personalidade só pode reagir dentro de linhas limitadas a todas as mudanças ambientais e a uma vida cheia de pressões. Se a pressão for muito forte, a personalidade mais segura e estável poderá mostrar sintomas de ansiedade, hipocondria, depressão, histeria, suspeita excitação, raiva ou agressividade, e a lista fica então quase completa.

Para Edwards (2003), há o reconhecimento também das importantes diferenças em tipos de temperamento, que precisam ser consideradas durante a fase de “amaciamento”, antes da conversão: “Há uma variedade muito grande quanto ao grau de medo e aflição a que as pessoas são submetidas, antes de obterem algum confortável indício de perdão e aceitação por Deus”.
Há aqueles que têm menos problemas ou que possuem pensamentos amedrontadores, que despertam com medos tristezas e aflição. Principalmente para os miseráveis que se sentem ausentes de Deus, sendo fácil manipulá-los e convertê-los.
A culpa deve ser provocada para a conversão de pessoas normais, ainda que para ele, deve ser insistida e a tensão aumentada até o pecador entrar em colapso e submeter-se completamente à vontade de Deus. O catolicismo prega aqui a exorcização do crente para a eliminação do demônio que está presente, processos já realizados desde a Idade Média e mantidos durante a Idade Moderna. Sendo estas revigoradas e discutidas pelos eclesiásticos no século XXI (março de 2005).
Pregando os terrores do fogo do inferno e da condenação eterna, sempre tinha em mente que uma via de fuga, constituída pela principal crença a ser implantada, devia ficar aberta:

com efeito, algo além do terror deve ser pregado àqueles cujas consciências são despertadas. Deve ser-lhes dito que existe um Salvador que é excelente e glorioso; que derramou seu precioso sangue pelos pecadores e que é em todos os sentidos suficientes para salvá-los; que está pronto a recebê-los, se o seguirem zelosamente; pois essa também é a verdade, tanto quanto o estarem agora em uma condição infinitamente pavorosa. (...) Os pecadores, ao mesmo tempo em que lhes é dito como seu caso é miserável, devem ser convidados a virem e aceitarem um Salvador, e entregarem seus corações a ele, com todos os cativantes e encorajadores argumentos que o evangelho oferece (Sargant, 1968).

Alguns, talvez, precisem suportar conflitos mentais e tortura durante dias, semanas ou meses antes de sucumbirem e, assim, conquistarem a libertação .
Aqueles que, cumprindo condenações legais, tiveram os maiores terrores, nem sempre obtiveram a maior luz e conforto; nem lhes foi sempre a luz comunicada muito repentinamente; ainda assim, porém, acho que o tempo de conversão foi geralmente mais sensível em tais pessoas.
Não deve ser dada a quem se converte a chance de recuperação imediata. Devem ser forçados a buscarem o perdão, assim estarão na busca incessante deste perdão, ficando sob o jugo da fé.
Para Sargant, na descrição da obra “The Devils of Loudun”, explica que Aldous Huxley encareceu a força desses métodos em discussão:

Nenhum homem, por mais altamente civilizado que seja, pode ouvir durante muito tempo um tambor africano, um cântico indiano ou um hino galês, e conservar intacta sua personalidade crítica e autoconsciente. Seria interessante tomar um grupo dos mais eminentes filósofos das melhores universidades, fechá-los em uma sala quente com dervixes marroquinos ou voduístas haitianos e medir, com cronômetro, a força de sua resistência psicológica aos efeitos do som rítmico. Os positivistas lógicos seriam capazes de resistir mais tempo que os idealistas subjetivos? Os marxistas se mostrariam mais resistentes que os tomistas ou os vedantistas? Que fascinante, que proveitoso campo de experiência! Enquanto isso, tudo quanto podemos prever com segurança é que, se expostos por tempo suficientemente longo aos tantas e cantos, todos os nossos filósofos acabariam pulando e uivando como os selvagens.

Peregrinações e concentrações políticas, evangelizações em massa utilizando estádios de futebol ou grandes áreas abertas ou espaços fechados, com presenças maciças de missionários, pastores, padres e grandes sacerdotes, entoando cânticos, corais, dias de benção ou ainda desfiles patrióticos, são coisas consideradas eticamente corretas, desde que sejam nossas peregrinações, nossas concentrações, nossas evangelizações e nossos desfiles. Quando o delírio da multidão é explorado em benefício de governos e igrejas, os exploradores têm sempre muito cuidados em não permitir que a intoxicação avance demais. Cedemos muitas vezes as nossas escolas para que ocorram estes movimentos – Escolas abertas.
Para Huxley (1963), as cerimônias religiosas e políticas controladas são, porém, aplaudidas por aqueles que dispõem da autoridade, pois oferecem oportunidades para incutir sugestões nas mentes que momentaneamente deixaram de ser capazes de raciocínio ou livre vontade.
A felicidade dos céus e os horrores do inferno são experiências bastante freqüentes em indivíduos sob o efeito de transes ou drogas químicas.
Podemos observar as relações ditas espirituais, que ocorrem como resultado dos envolvimentos, os pregadores fazem seus trabalhos a base de gritos e gestos envolvendo o público, que são afetados pelas palavras, trazendo manifestações psicológicas, George Salmon (1859) cita fenômenos que apareciam no Grande Revival, no Norte da Irlanda.

Homens fortes romperam em lágrimas; mulheres desmaiaram e entregaram-se à histeria. Os agudos gritos daqueles que em altos brados pediam piedade e a agonia mental de que sofriam eram talvez mais comoventes do que se poderia imaginar. Os penitentes jogavam-se no chão, arrancavam os cabelos, aglomeravam-se em toda a volta para rezar por eles e pareciam ter a mais intensa convicção de seu perdido estado à vista de Deus.

Podemos perceber que quando se juntam pessoas, alguns têm tendências a mostrar com mais fidelidades e veemências seus sextos sentidos, aonde outros acreditam nas realidades demonstradas e passam a manifestar sentimentos semelhantes.