domingo, 23 de novembro de 2014

Sou o que sou

  • Sou o que sou,
  • Algo vivo ou morto, bruto ou ainda a se lapidar.
  • Expressivo, ou ainda inexpressivo.
  • Que tento viver dentro das felicidades ou amarguras.
  • Vestido ou despido das relações e culturas.
  • Sem saber exatamente o que é certo ou errado.
  • Se aquilo que nos mostram é verdadeiro ou falso.
  • Se as políticas são estratégicas ou impensadas.
  • Que fazem a sociedade se subordinar sem precisar pensar.
  • Se pensar ou refletir leva a novas relações, ou se impede novas relações.
  • Se as tristezas são meras e insignificantes relações dos homens,
  • Porque são criadas a partir de suas próprias necessidades.
  • Se as necessidades criadas, estão diretamente relacionadas aos modos imprimidos pelas culturas, ou se as culturas determinam as necessidades.
  • Mas me pergunto! Se a vida é efêmera, por que somos direcionados a crer? Ou a crença se manifesta a partir de nossas fraquezas. Se tudo tem a finalidade do fim? Porque nos perdemos na busca de solução para aquilo que não tem solução. Ou se ainda se o próprio universo tem fim, por que não queremos este fim? Se sou o que sou, porque não me limito a não questionar, e a não propor solução, para uma coisa que é natural. Que não há solução. O que prova que como cultura sou impelido a crer na minha eternidade. E crendo na minha eternidade, não consigo concordar com o fim.
  • E aí se vai a vida, ludibriada, enganada, amortecida, supérflua, individualista em alguns momentos, e coletiva quando a solidão se abate. E nesta aglutinação se canta, se brada, se acredita na possibilidade da solução.
  • Solução para aquilo que não existe, porque nem sabemos se existimos, mas, a virtualidade do irreal, se transforma no real. E no clarão da luz que nos ainda é possível ver, vivemos e convivemos com aquela energia que nos gerou a matéria. E a possiblidade de achar que racionamos, quando na verdade estamos inertes diante do que não conhecemos e cegos do que mesmo com a luz não vemos.
  • Portanto, na nossa virtualidade, criamos relações e nos acomodamos diante dos fatos, ou ainda ato do improvável, vivemos da criação de obras incompletas, porque incompletos somos, e animalizados pelas necessidades corpóreas da nossa existência, eliminando os mais frágeis, para que possamos sobreviver as agruras da vida. E sobrevivendo vamos, na busca de nossa eternidade. 


A Beleza Humana


  • A beleza humana está em sua delicadeza.
  • A grosseria humana nos seus gestos.
  • A delicadeza humana no entender o próximo.
  • A grosseria humana, no querer ser mais que o outro.
  • Não adianta os artefatos externos do embelezamento humano, se a alma, o espírito vivem em um eterno maquiar de sua grosseria.

domingo, 14 de outubro de 2012

Como se fazer a conversão religiosa, política e aspectos religiosos.


O paraíso se busca infindavelmente. São situações utópicas registradas ao longo da história. È o homem buscando melhores possibilidades de vida mas conseqüentemente alcançadas só após a morte. È o fato de querer se manter “vivo” além da morte. Idealiza uma série de benefícios que terá, mas de “coisas” que obviamente teve dificuldade de ter em quanto estava vivo. Todas as dificuldades passadas durante a vida serão materializadas como fruto de seu sofrimento após a morte. Entre as diversas religiões existentes se discutem estas possibilidades, com seus sacerdotes enfatizando tais possibilidades e levando aos crentes a totais desvarios.
Deixam de viverem aproveitando as delícias da vida, para se preocuparem sistematicamente com a morte. Mas recebem todos os tipos de informações sobre os paraísos como, por exemplo, citado por GROF (1996, p. 14);

a paisagem dos céus e paraísos se encontra caracteristicamente inundada de luz branca ou dourada muito brilhante e está repleta de nuvens ou arco-íris luminescentes. A natureza se representa com seus melhores dons: terra fértil, campos de grão maduro, belos oásis e vergéis, jardins exóticos ou pradarias floridas. As árvores estão carregadas de flores esplêndidas e de frutos suculentos. As estradas estão pavimentadas de ouro, diamantes, rubis e esmeraldas e de outras pedras preciosas. Fluem fontes da juventude, mananciais de água da vida, lagos transparentes e rios de leite e mel e óleos aromáticos regam os campos elíseos. A arquitetura celestial é translúcida e abundam os palácios cujos adornos de ouro e pedras preciosas brilham com luz tênue. Os salões estão iluminados com candelabros de cristal resplandecente e decorados com fontes e chafarizes. A atmosfera está impregnada de perfumes suaves e do agradável aroma de incenso.

A capacidade de imaginação dos humanos está embasada sobre parâmetros humanos. Aquilo que não é farto está enquadrado como situações possíveis no paraíso. Não conseguem desprender-se de suas realidades. E quando não conseguem seguidores, mais pessoas atreladas a sua forma de pensar, reagem como por impulso a desejarem que caso não acreditem naquilo que acreditam serão jogadas no inferno.
Observa-se que, o filho oriundo de pais que se autodefinem como convertidos, terá dificuldades maiores para se libertar, já que desde o nascimento é formado para obedecer e seguir a risca, os mandamentos dos livros sagrados, sob a hipótese de estar fora dos padrões delimitados por Deus ou pelos governantes.
Em 1902, William James, em “The Varieties of Religious Experience” escreveu o seguinte a respeito dos estados de profunda depressão espiritual:

mas a libertação precisa chegar sob forma tão forte quanto a queixa, para que tenha efeito; e essa parece ser a razão pela qual as religiões mais grosseiras, revivalísticas , orgiásticas, com sangue e milagres, e operações sobrenaturais, talvez jamais possam ser eliminadas. Alguns temperamentos precisam muito delas.

De acordo com William Sargant, os especialistas em lavagem cerebral usam uma técnica de conversão que não depende apenas da intensificação da sugestionabilidade de grupo, mas também de estimular no indivíduo a ansiedade, um sentimento de culpa real ou imaginária e um conflito de lealdades, suficientemente fortes e prolongados para provocar o desejado colapso.
Alberto de Pirajno descreve em “A Cure for Serpents”,

o método exigia que a pessoa deprimida dançasse até o ponto de frenesi durante horas intermináveis ao som de tambores e de canto rítmico, e com uma crescente excitação de grupo até “uma torrente de espuma e suor escorrer pelos cantos de sua boca”. Com um “grito agudo”.

Jogando-se ao chão, envolvendo os demais, como se algo tivesse entrado ou saído de seu corpo. Se o cérebro é suficientemente excitado, para o Dr. Denis Hill, ocorre uma comunicação do mesmo modo que o toque de tambor vodu ou dança orgiástica em escala suficiente para levar à excitação histérica e colapso por exaustão.
Sabemos também, que certas drogas podem produzir estados místicos. Já são usadas há muito tempo em certas cerimônias tribais, para dar aos participantes a completa certeza de que, um deus os está de fato possuindo.
Ainda durante os períodos em que o ocorreram a Peste Negra, a Igreja Católica considerava a peste como castigo pela iniqüidade geral da Cristandade. Conforme relato de William Sargant, esta recorria à ameaça de seu retorno como meio de levar o povo a um estado de submissão e verdadeiro arrependimento. Com seu assentimento, a Fraternidade dos Flagelantes, também chamados de Irmãos da Cruz, começou a promover reuniões especiais nas quais podiam ser publicamente confessados os pecados e dirigidas súplicas a Deus para prevenção da peste. Os bandos de flagelantes tornaram-se bem organizados e, embora começando como um movimento operário e camponês passou a ser controlados pelas classes mais ricas. Seus métodos para provocar excitação de grupo eram muito eficazes: tocavam sinos, cantavam salmos e flagelavam-se até o sangue correr em torrente. Nos processos de conversão utilizados pelos grandes sacerdotes, é importantíssimo usar da sugestionabilidade de grupo, vislumbrando ao convertido a certeza da salvação eterna, provando, através de gritos e gestos, a existência de poderes diabólicos que poderão afetar o seu caminho normal em direção a Deus. A citação de casos de jovens perdidos, pervertidos, drogados, de casamentos mal sucedidos pela traição, devem ser colocados e exemplificados para facilitar a ligação com Deus. Sendo que, todos aqueles que se desviarem dos preceitos divinos, estarão automaticamente se colocando na posição de tementes a Deus. E a recuperação deve ser feita através de atitudes, que divulguem como está conseguindo libertar-se das necessidades impostas pelo demônio. O grande despertar está em se entregar completamente a Deus.
Para Willian Sargant que descreve os trabalhos psiquiátricos desenvolvidos por Pavlov sobre fenômenos hipnóticos.
Antecipando-se assim à comparação de Pavlov sobre fenômenos hipnóticos em seres humanos e animais, Hecker afirma que suas descobertas “colocam a auto-independência da maior parte da humanidade sob luz muito dúbia e explicam sua união em um todo social”.

Aliada ainda mais de perto à simpatia mórbida (...) está a difusão de excitações violentas, especialmente aquelas de caráter religioso ou político, que têm agitado tão fortemente nações dos tempos antigos e modernos e que podem, depois de uma submissão incipiente, transformar-se em perda total da força de vontade e verdadeira doença da mente.
O medo, as relações familiares, a discórdia. As situações depressivas levam de acordo com William Sargant,

Os padrões básicos de comportamento no homem realmente dependem mais de nossos sistemas nervosos superiores hereditários do que nos mostramos às vezes dispostos a admitir. A personalidade só pode reagir dentro de linhas limitadas a todas as mudanças ambientais e a uma vida cheia de pressões. Se a pressão for muito forte, a personalidade mais segura e estável poderá mostrar sintomas de ansiedade, hipocondria, depressão, histeria, suspeita excitação, raiva ou agressividade, e a lista fica então quase completa.

Para Edwards (2003), há o reconhecimento também das importantes diferenças em tipos de temperamento, que precisam ser consideradas durante a fase de “amaciamento”, antes da conversão: “Há uma variedade muito grande quanto ao grau de medo e aflição a que as pessoas são submetidas, antes de obterem algum confortável indício de perdão e aceitação por Deus”.
Há aqueles que têm menos problemas ou que possuem pensamentos amedrontadores, que despertam com medos tristezas e aflição. Principalmente para os miseráveis que se sentem ausentes de Deus, sendo fácil manipulá-los e convertê-los.
A culpa deve ser provocada para a conversão de pessoas normais, ainda que para ele, deve ser insistida e a tensão aumentada até o pecador entrar em colapso e submeter-se completamente à vontade de Deus. O catolicismo prega aqui a exorcização do crente para a eliminação do demônio que está presente, processos já realizados desde a Idade Média e mantidos durante a Idade Moderna. Sendo estas revigoradas e discutidas pelos eclesiásticos no século XXI (março de 2005).
Pregando os terrores do fogo do inferno e da condenação eterna, sempre tinha em mente que uma via de fuga, constituída pela principal crença a ser implantada, devia ficar aberta:

com efeito, algo além do terror deve ser pregado àqueles cujas consciências são despertadas. Deve ser-lhes dito que existe um Salvador que é excelente e glorioso; que derramou seu precioso sangue pelos pecadores e que é em todos os sentidos suficientes para salvá-los; que está pronto a recebê-los, se o seguirem zelosamente; pois essa também é a verdade, tanto quanto o estarem agora em uma condição infinitamente pavorosa. (...) Os pecadores, ao mesmo tempo em que lhes é dito como seu caso é miserável, devem ser convidados a virem e aceitarem um Salvador, e entregarem seus corações a ele, com todos os cativantes e encorajadores argumentos que o evangelho oferece (Sargant, 1968).

Alguns, talvez, precisem suportar conflitos mentais e tortura durante dias, semanas ou meses antes de sucumbirem e, assim, conquistarem a libertação .
Aqueles que, cumprindo condenações legais, tiveram os maiores terrores, nem sempre obtiveram a maior luz e conforto; nem lhes foi sempre a luz comunicada muito repentinamente; ainda assim, porém, acho que o tempo de conversão foi geralmente mais sensível em tais pessoas.
Não deve ser dada a quem se converte a chance de recuperação imediata. Devem ser forçados a buscarem o perdão, assim estarão na busca incessante deste perdão, ficando sob o jugo da fé.
Para Sargant, na descrição da obra “The Devils of Loudun”, explica que Aldous Huxley encareceu a força desses métodos em discussão:

Nenhum homem, por mais altamente civilizado que seja, pode ouvir durante muito tempo um tambor africano, um cântico indiano ou um hino galês, e conservar intacta sua personalidade crítica e autoconsciente. Seria interessante tomar um grupo dos mais eminentes filósofos das melhores universidades, fechá-los em uma sala quente com dervixes marroquinos ou voduístas haitianos e medir, com cronômetro, a força de sua resistência psicológica aos efeitos do som rítmico. Os positivistas lógicos seriam capazes de resistir mais tempo que os idealistas subjetivos? Os marxistas se mostrariam mais resistentes que os tomistas ou os vedantistas? Que fascinante, que proveitoso campo de experiência! Enquanto isso, tudo quanto podemos prever com segurança é que, se expostos por tempo suficientemente longo aos tantas e cantos, todos os nossos filósofos acabariam pulando e uivando como os selvagens.

Peregrinações e concentrações políticas, evangelizações em massa utilizando estádios de futebol ou grandes áreas abertas ou espaços fechados, com presenças maciças de missionários, pastores, padres e grandes sacerdotes, entoando cânticos, corais, dias de benção ou ainda desfiles patrióticos, são coisas consideradas eticamente corretas, desde que sejam nossas peregrinações, nossas concentrações, nossas evangelizações e nossos desfiles. Quando o delírio da multidão é explorado em benefício de governos e igrejas, os exploradores têm sempre muito cuidados em não permitir que a intoxicação avance demais. Cedemos muitas vezes as nossas escolas para que ocorram estes movimentos – Escolas abertas.
Para Huxley (1963), as cerimônias religiosas e políticas controladas são, porém, aplaudidas por aqueles que dispõem da autoridade, pois oferecem oportunidades para incutir sugestões nas mentes que momentaneamente deixaram de ser capazes de raciocínio ou livre vontade.
A felicidade dos céus e os horrores do inferno são experiências bastante freqüentes em indivíduos sob o efeito de transes ou drogas químicas.
Podemos observar as relações ditas espirituais, que ocorrem como resultado dos envolvimentos, os pregadores fazem seus trabalhos a base de gritos e gestos envolvendo o público, que são afetados pelas palavras, trazendo manifestações psicológicas, George Salmon (1859) cita fenômenos que apareciam no Grande Revival, no Norte da Irlanda.

Homens fortes romperam em lágrimas; mulheres desmaiaram e entregaram-se à histeria. Os agudos gritos daqueles que em altos brados pediam piedade e a agonia mental de que sofriam eram talvez mais comoventes do que se poderia imaginar. Os penitentes jogavam-se no chão, arrancavam os cabelos, aglomeravam-se em toda a volta para rezar por eles e pareciam ter a mais intensa convicção de seu perdido estado à vista de Deus.

Podemos perceber que quando se juntam pessoas, alguns têm tendências a mostrar com mais fidelidades e veemências seus sextos sentidos, aonde outros acreditam nas realidades demonstradas e passam a manifestar sentimentos semelhantes.

domingo, 8 de abril de 2012

Nas mãos do acaso, infelizmente estamos sós. O Planeta gira a bilhões de anos, criaturas se formaram e deixaram de existir. Mas, somente o ser humano dito racional, não se convence de sua irracionalidade, e da possibilidade de sua continuidade, efêmera, frágil. E sem começo e nem fim, somente na busca de alternativas de sua manutenção da vida. Não passa de mero espectador momentâneo. E sem chances de buscar a utopia de sua existência. Portanto, só nos resta a vida, enquanto ainda vivemos. Depois só o acaso.

sábado, 2 de abril de 2011

Gestão – Educação Conciliadora e a Carência Educacional

O gestor em seu papel de agregador institucional desenvolve relações descentralizadas e capazes de envolver a comunidade escolar em torno de um bem comum – a educação emancipadora.
Quando se fala em educação emancipadora, há referências com a liderança que não demonstra poder, não exerce pressões, não é coercitiva, demagoga, individualista, egoísta, mas sim, reflexiva, envolvida, comunicativa, descentralizada, democrática, com definições de parâmetros que alicerçam a distribuição de atividades, e a partir daí unem, vincula-se e somam-se, na busca da melhoria educacional da instituição.
Não tem como não se dedicar na sua totalidade, porque a todo o momento surgem necessidades que levam a motivação, inclusão, participação, um olhar carinhoso para sua comunidade. Porque geram relações que estão acima do educador, ultrapassam determinados limites, que chegam a relações que incluem o amor ao próximo.
A carência no olhar, no manifestar atitudes, promoção do próximo, são desafios que fazem do gestor não somente o calculista, matemático, administrador. Mas definem-se com atitudes de respeito, coerências, saber ouvir.
E quando emite pensamentos, sempre o faz com a proposta de somar, juntar-se ao grupo demonstrando apoio e sendo altamente colaborador. Não simplesmente um modelo funcional.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A CASCA DO OVO - "A história de Galileu - um jovem em busca de respostas" Cap. três

trabalhava – o seu primeiro emprego foi de atribuições correlatas, fazia de tudo, lavava a loja, ia aos bancos, entregava produtos (carregando muitas vezes nas costas), instalava produtos, buscava alimentos ou lanches para colegas seus, e que muitas das vezes só podia sentir o cheiro, mas, não podia comprar, seu salário na época era o de meio salário mínimo, porque era menor, para fazer cursinhos ia a pé mais ou menos dez quilômetros até o local de preparação, muitas vezes correndo, era magro de dar dó, no retorno para casa a empresa de ônibus permitia que ele viesse na condição de cobrador de ônibus, com isso não cobravam a passagem dele, após acertar as contas chegava em casa após às 23;30 horas, estudava o supletivo, cursava técnico em rádio e TV aos sábados. Fumava cigarros escondidos quando conseguia filar algum. Com poucas roupas e poucos recursos frequentava clubes quando lhe emprestavam dinheiro, morava na casa do pai. Sendo que muitas vezes dormia na casa de seu grande amigo, onde tudo era farto. O seu amigo por ser de oriundo de famílias alemãs, preservavam pelo exagero da comida.

Capitulo Quatro

Quando completara quinze anos, naquela época os jovens com essa idade deveriam ser machos, ter experiências sexuais com uma mulher, na empresa em que trabalhava já havia uma decisão, todos que completassem os quinze anos, automaticamente eram levados à zona de prostituição, com ele não foi diferente, chegou o dia dos quinze anos, neste dia ele decidiu não falar que estava fazendo aniversário, muito nervoso ficou na sua, quando de repente vieram avisá-lo que o dia tinha chegado, não sabia que havia um controle muito sério para esse assunto. Os funcionários e chefias se cotizavam e o dinheiro era entregue para um encarregado de levar o menino à zona. Foi um dia apavorante, passava muito rápido, e os tremores não cessavam, pedia mentalmente para que esquecessem dele, mas, não adiantou quando o expediente encerrou o encarregado veio buscá-lo, e lá saíram pelo centro da cidade até o local, Galileu estava com as pernas frouxas, mal tinha forças para subir as escadas, foi meio que carregado, chegando ao andar mostraram ele para uma prostituta com uns 45 anos, que o conduziu para o quarto, não sabia o que fazer, não conseguia sequer ter desejos por aquela velha muito usada, ela puxou-o para a cama, e vendo que daquele menino não sairia nada, pegou com sua própria mão e fez o que tinha que fazer, na saída recebeu o dinheiro do encarregado, e Galileu agora se sentindo homem, passou a ver como era realmente o mundo. Um dia ao lado de outro menino na empresa, lembro que aquele menino tinha feito quinze anos, por aqueles dias, e perguntou-lhe como foi a sua primeira vez, quando de imediato ele respondeu foi excelente, fui lá com o encarregado e me deram uma menina muito linda, talvez uns 17 ou 18 anos, para você ver, foi tão bom, que ainda hoje passado sete dias continuo pingando. Galileu diante disso ficou muito decepcionado, quando foi para ele deram uma velha e agora para o outro deram uma moça, ficou irritado e foi reclamar com o chefe. O Chefe de pronto foi ver porque o outro menino ainda continuava pingando e descobriram que se tratava de uma baita gonorreia.
Galileu quando ainda jovem muito religioso, procurava ir à igreja católica, algumas práticas em centros espíritas e também um amigo luterano e juntamente com ele ia aos cultos, quase chegou a condição da presidência jovem dessa igreja. Mas, conseguiu seu intento, chegou a presidente material de um Centro de Candomblé. Tinha as crenças de sua idade, que os pecados existiam, que também podia se redimir de alguns, que poderia conquistar espaço no céu. Que seria recompensado pelas suas atitudes boas, ou negligenciado pelas más. Lia a Bíblia, vivia em um mundo cristão. Mal sabia ele, que sua crença se limitava a um quinto do que a sociedade humana acredita. Que o seu mundo cristão, não passava de um mundinho, e da mesma forma que pensava estar certo, outros bilhões de seres humanos também em seus mundinhos pensavam estarem certo. Também acreditavam em existências após a morte, na vinda de messias, salvadores, apocalipses, reencarnações, participava de quermesses, seguia a pé junto com devotos, participava das datas festivas de santas e santos, acendia velas nos dias das almas, ou nas viradas do ano, tinha também a crença na eternidade da alma, na existência de entidades que dariam a eles liberdades, que não podiam ser conquistadas na terra, nos anjos e demônios que se preocupavam com os humanos, nas facilidades de outras vidas ou nos paraísos criados pelas mentes humanas, nas suas utopias e devaneios que lhes impedem de viverem no mundo da razão, espaços só conquistados por aqueles que perdem a esperança na humanidade.

Crescia e se formava sem perceber que as qualidades que procurava ter, nada mais eram do que atender a demandas dos governos que perdidos em suas corrupções precisavam de mão-de-obra para atender a organismos internacionais. Precisavam de pessoas que não pensassem e servissem a modelos econômicos de extração da matéria prima, da montagem de produtos, de terem habilidades mínimas para consertar o que montavam, e quando estes pensassem se é que teriam essa possibilidade, estivessem tão preocupados com a manutenção sua e de suas famílias que ao final dos expedientes ainda fossem atrás de maiores conhecimentos, ou esgotados sentarem à frente de uma televisão para verem novelas, esportes, ou programas de culturas inúteis fornecidos pelos meios de comunicação.

Pensar, nem pensar, algo que a sociedade não faz, melhor viver acomodado, dentro de seus mundinhos miseráveis, que não interferem nas políticas de exclusão – por não saberem o que é exclusão, em um mundo onde as drogas correm livremente quando pagam impostos, ou quando não pagam devem ser mantidas para anestesiar a sociedade. Os jovens contribuem infinitamente com isso, e o fazem muito bem. Porque deles o que se esperar? Quanto mais drogados estiverem, menos vão atuar como cidadãos, e ainda quando se libertarem, se é que se libertarão, poderão em suas igrejas darem depoimentos da liberdade que agora encontraram com Jesus, mas, enganam-se porque agora terão igualmente suas mentes afetadas por outras drogas.
Na Mídia nada era diferente, não se discutiam coisas que trouxessem a liberdade, porque a sociedade não quer esse tipo de discussão, se discute a vida dos outros, ficam repetindo intensamente o que se passa nas novelas, as rádios também tinham espaços para isso, os jornais dedicavam espaços para o zodíaco, discutirem as mazelas humanas, com seus assaltos e a violência familiar, de certa forma obrigam a sociedade a não pensar, porque falar da vida alheia é muito mais interessante, do que se educar, refletir, ler um livro, falar com outros sobre os avanços tecnológicos, do domínio do capital sobre a nossa servidão.

Capítulo quinto

Galileu já trabalhava á cinco anos, se encontrava agora com dezoito, vivia sempre a procura de alguém, que em seu inconsciente pensava existir, talvez alguém que lhe desse aquilo que até então não tinha, carinho e amor. Vivia a procurar nas meninas e moças, algum tipo de ideal, que não sabia exatamente como era. Porque materializar aquilo que não se tem, é difícil, mas, sabia que iria encontrar.
Passaram mais um ano e meio e de repente encontrou uma moça oriunda de família muito pobre, mas que lhe preenchia sua alma de possibilidades, ela muito jovem ainda com apenas quatorze anos, e que talvez pela sua pureza, se viu cativado por ela, passou a amá-la, casaram-se quando ele estava prestes a fazer vinte e um anos.
Mas, voltemos um pouco no tempo. Estava Galileu com dezoito para dezenove anos e foi servir ao exército pelas exigências da lei, não queria passar por um desajeitado, e diziam que o exército o transformaria num homem. Como se a vida já não lhe tivesse causado tanta experiência.
Foi um período de muitas dificuldades, vivíamos em uma Ditadura Militar, Galileu, não conhecia nada de política, o país já vinha pressionado pelos militares desde os anos de 1964, e agora nos encontrávamos em 1975, não sabia nem o que se passava, nunca lhe tinham dito nada a respeito, sua avó o mais próximo que chegara, foi dizer que havia um tal de cavalo branco, pessoa que depois pude imaginar se tratar de um ex-presidente morto em um acidente de avião e que deixará minha avó muito feliz quando soube que ele morrera. Mas, imagino que os jovens que entraram para o exército naquela época ainda não adquiriram conhecimentos suficientes sobre a sociedade humana, seus jogos de interesses, obsessão pelo poder, e eram facilmente influenciados, fazendo coisas que atendiam aos interesses de seus governantes, nem sequer imaginavam que poderiam ser levados a morte quando em combates. Porque eram utilizados pela sua vitalidade, suas vaidades, seus pensamentos de super-herói, imaginavam-se de corpos fechados e dentro de suas ignorâncias da realidade do seu mundo, procuravam mostrar mais do que são. Pensam ser imortais, e nesse pensamento imortal, creem poderem fazer tudo.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Definição de Espírito e Alma

Na antiguidade grega avaliaram-se as relações da interioridade humana. Foram os filósofos, os principais responsáveis pelas construções dos estudos do pensamento, da busca da verdade com novo enfoque, com uma visão mais concreta dos modelos de sociedade. Passou-se a uma sistematização daquilo que se criava através de novos valores, tendo como destaque, a alma e o espírito humano. Aristóteles (384 – 322 a.C) apud Durant (1942, p. 92), afirmava que,

“A alma é todo o princípio vital de qualquer organismo, a soma de seus poderes e processos”. “No homem é o poder da razão e o pensamento”. A alma é imortal é “puro pensamento” e que (93), a “criação artística surge do impulso formativo e do anseio de expressão das emoções. A forma da arte é em essência uma imitação da realidade; um espelho em face da natureza ““.

Dividiram-se o homem em espírito, alma e corpo, onde o espírito tinha o poder da transcendência, ou seja, ampliar sempre novos conhecimentos, querer mais, a satisfação só seria aceita se inovações surgissem.
A alma ficou nos campos das emoções, do intelecto, das afirmações relacionadas às culturas, da criatividade humana. A alma humana é capaz de criar, de elaborar, de transformar o abstrato através da manifestação das inspirações, contrapondo-se, ou mantendo-se o irreal, o fortalecimento do abstrato, colocando na arte todas as aspirações, humanizando as formas, fazendo das artes, poesias, histórias, elementos de transição do imaginário, para poder tocar, poder sentir e poder ver. A humanização, como forma concreta daquilo que o ser humano imaginava, vagava, criava nos seus inconscientes, transformando em algo palpável, aonde pairavam todas formas anteriores de veneração, em algo agora venerado com a alma, que podia sentir através do contato e dar vazão ao espírito.
Lucrecio (98 – 55 a.C) apud Durant (1942), “A alma e o espírito desenvolvem-se com o corpo, crescem juntamente com ele, doem-se com suas dores e morrem com sua morte. Nada existe à exceção dos átomos, do espaço e das leis naturais; e a lei das leis é a da evolução e dissolução de todas as coisas”.
O que podemos observar é que, almas, espírito, estão dentro das formas da construção, daquilo que vem do interior do ser, daquilo que o homem pode materializar, mostrar, sentir e enxergar.
Aquele homem que foi gerado e concebido por homens, agora é capaz de perceber os seus valores sentimentais, ocultos, sensíveis, simplesmente transformados em obras de artes. Mostram com clareza as formas, a natureza e o poder de concepção que o homem pode ter, transformando as matérias inanimadas em expressão de arte, que são sentidas ao simples contato.
Homens que possuem em seu interior a criatividade, que é comum ao ser racional, ao ser que consegue através dos milhares de anos de evolução, terem manifestado suas vontades. É tolhido em suas criações, quando aquilo que pensam é colocado como vindos de forças superiores, de outros espíritos e de outras almas. Para Demócrito (460 – 360 ac) apud Durant (1942, p. 92), “A alma não é material” – nem toda ela morrerá.
Diríamos que é uma transferência dos conhecimentos humanos, que a partir do momento em que adquirem forma, personalização, não conseguem mais sair do imaginário humano, de acordo com a sociedade na qual está inserida.
Será que o homem é incapaz de aceitar a sua própria criatividade, tendo que colocar como coisas divinas, aquilo que lhe é nato? São coisas que a sua própria condição mental proporciona, em elevar-se a níveis de criação, que quando materializadas, expressam o próprio homem, mas que as estruturas tentam mostrar que o homem seria incapaz, a não ser quando tem uma manifestação externa.
Por que o homem, em sua sã consciência, não pode construir, pensar e racionalizar aquilo que sonha, como se os sonhos fossem de competências espirituais e não de devaneios da própria mente em descanso ou do corpo envolvido pelos seus diversos espasmos musculares?
Porque o homem tem que buscar nos mitos, as forças para tentar compreender aquilo que é natural que é reflexo do seu próprio pensar e que logicamente sofreu reflexos das sociedades?
O que podemos perceber é que, alma e espírito, são forças de criação e fonte de desejos, são momentos de liberdade e de desligamentos, de devaneios, é a materialização de suas utopias e de suas loucuras. Não são as loucuras que a sociedade tenta impor como formas da existência de espíritos como seres alados ou almas de pessoas que já se foram, de coisas que colocam espíritos e almas fora da compreensão humana, de incompreensões que são criadas para justificar o que é justificável. Justificar aquilo que é da essência do homem, sendo colocado como algo intocável e muito bem materializado pelas religiões. Essas conseguem transformar aquilo que é abstrato em concreto, fazendo com que a mente humana se resigne a subjetivar, a alienar-se, sem compromissos com o que há de verdade, limitando-se a aceitar o que se manifesta como verdadeiro.
O espírito, que na sua essência é o poder de querer, poder de elaborar, poder de pensar, é colocado pelas ideologias culturais como aquilo que representa o transcender no abstracionismo, estar vinculado com a morte. Não admite o homem como fonte de suas próprias espiritualidades, palavras nascidas nas filosofias como algo criador, gerado pelo próprio homem. E também não, por aquilo que sobrou dos homens, como restos de sua existência, de suas vidas, dando a ele como compensação, a reencarnação, a ressurreição e vidas paliativas além da vida. Coloca-se a morte como o começo de outras vidas, de vidas eternas, como se os pensamentos pudessem se materializar em outros corpos inanimados e não como a materialização de suas idéias plantadas, semeadas através de criações, do preservar a sua vida nas suas construções, nas suas obras e nas suas artes. A única forma de se ressurgir, de se preservar, é manifestando criações, os seus pensamentos nas esculturas, pintura, arquiteturas, poesias, nos seus livros e assim mantendo-se materializado para que outros possam ver a beleza que foi a sua existência. Caso contrário este homem morrerá, não restando nada além daquilo que será percebido por uma visão mais longe das construções humanas, sem se limitar a um único homem.
O espírito e alma são humanos e não como as sociedades passaram a construir, santificando aquilo que é racional, endeusando aquilo que é fruto das construções do pensamento. Usam o espírito como algo irreal, dando formas a eles, na construção de anjos e demônios, do sobrenatural, iludindo, dominando aqueles em que, na ignorância dos conhecimentos, acabam por serem levados a loucuras, tentando ver o impossível, construindo em suas mentes o que a lógica não permite. Tornam-se doentios em suas fugas, na busca do irreal, na busca intensa de vidas além daquelas que a natureza lhes deu, indo a caminhos opostos à inteligência que a evolução permite, buscando no irracional, as respostas tão necessárias para quem é humano que são respostas para a morte.
A morte que é tida como a chance de se elevar junto a Deus pai, todo poderoso. Deus criado como espírito dos espíritos, capaz de alimentar a todos, de resolver todas as mazelas humanas. De poder alimentar com verdades aqueles que vivem de mentiras. De poder dar vida além da morte, de gerar vidas, de ajudar aqueles que são subjugados pela sua força. De dar garantias eternas, para os homens que buscam a vida eterna, como se isto fosse possível. São incapazes de ver o mundo por outras óticas, de poderem buscar a igualdade humana e não as desigualdades daqueles que vivem mais distantes de Deus ou daqueles que são superiores, à medida que estão mais próximos dele, os chamados eleitos, os escolhidos. Que não questionam as suas realidades já que Deus está acima de tudo e para eles o que existe é a fé. O espiritualismo fruto da natureza humana não se discute, a subjugação da fé deixa de ser questionada.
Aquilo que cegam, que deturpam, que escravizam as mentes, que corroem a alma, que degeneram o espírito, tornando a alma inatingível, quando estes são inerentes ao homem, ao poder de criação. Da busca incessante de respostas e das necessidades humanas em alcançar estas respostas.
As intolerâncias para os que pensam diferentes, o inferno como solução para aqueles que tentam desmistificar o poder das grandes organizações que submetem a sociedade. Os fundamentalistas que entendem ser as suas experiências as mais certas, eliminando e colocando sob as estruturas da passividade os materialistas.
“Homem que tem o poder de tudo, mas é fraco diante do que pode ser verdadeiro, se subjuga na sua ignorância (NA)”.